Need for Speed: Shift

Esqueça o passado; a série agora ganhou novos ares

Se você é um fã de Need for Speed há muito tempo, sugiro que tome um ar, respire fundo e se sente confortavelmente antes de continuar a leitura. O que tenho a dizer pode ser meio traumático.

A série que você aprendeu a amar... bem, ela subiu no telhado... foi morar na fazenda... já era, finito.
Apesar da lamúria que isso possa sugerir, na verdade é um alívio para todo o resto da humanidade, principalmente à parcela que perdeu a fé no mundo após tantas sequências nojentas com o nome “Need for Speed” na embalagem. Sejamos francos, com exceção de Hot Pursuit 2, lá atrás no PlayStation 2, e da mudança radical feita em Underground, o que seguiu dali em diante foi uma degringolada na marca. Com alguns poucos acertos, como o visto em ProStreet, o resto era risível.

Tanto é verdade que a própria Electronic Arts tomou uma atitude radical: passou o projeto para uma empresa especializada em corrida. Por isso, meu caro fã de Need, a mudança pode deixá-lo desorientado.
A marca registrada de NFS sempre foi a dirigibilidade simples, sem firulas. Ano após ano, mesmo com as várias mudanças sofridas, o cerne da mecânica se manteve nos controles arcade, um esquema meio “plug and play” – ligue e jogue.
Agora o papo é outro. Shift está mais para um Forza Motorsport, o que é um baita elogio.

Nasce um novo simulador

Você leu direito. Need for Speed: Shift é um simulador. Daqueles parrudos, cheios de detalhes, que exigem dedicação e paciência. O jogo só não afugenta de vez os fãs antigos porque a desenvolvedora decidiu equilibrar um pouco as coisas e manter algumas opções cujo objetivo é aproximar a simulação de um público amplo.
Até nisso a semelhança com Forza é escancarada. Dentro das possibilidades de personalização da partida, é possível decidir o grau de agressividade da Inteligência Artificial, a quantidade de auxílios automáticos do carro e ligar ou desligar a linha que indica o melhor traçado no circuito.
O que mostra a real guinada na série é justamente descobrir que, independentemente de como você decida manter a dificuldade do jogo, o desafio é sempre alto. Quer dizer, mesmo no “easy” os adversários oferecem resistência e não atuam de maneira mecanizada.

Até porque a IA se adapta de acordo com a sua maneira de pilotar, outra das novidades de Shift. Ciente de que há pilotos que curtem andar dentro das regras e outros que preferem tornar a disputa uma arena de combate, a desenvolvedora decidiu por uma ideia que se mostra bem divertida na prática: premiar ambos. Sua carreira é fundamentada por tudo o que você faz na pista. Tudo, literalmente. Ultrapassagens bem executadas garantem pontos de “precisão”, enquanto abrir caminho ao empurrar o adversário no muro se traduz em pontos de “agressividade”. É possível manter o carro no traçado correto ou andar desgovernado, seu placar se reflete de acordo. Agora, é bom que se diga, você recebe o troco na mesma moeda dos adversários. Jogue limpo e os caras se igualam a você na honestidade; seja um escroto e esteja pronto para receber pancadas na traseira sempre que eles tiverem oportunidade.
No que diz respeito à dirigibilidade, Shift tem um quê de TOCA Racer, da Codemasters. Os carros não são tão pesados quanto em Forza, apesar de o comportamento ser muito semelhante, e permitem algumas regalias que somente em TOCA eram possíveis. A principal é atrasar a freada e controlar a saída de traseira de forma mais equilibrada. Evidentemente, esta não é uma característica de um simulador puro-sangue, mas como disse lá em cima, há sutilezas para garantir a diversão.

Por outro lado, o sistema de ajustes finos dos carros beira a insanidade. A menos que você seja familiarizado com mecânica, o que não é meu caso, é possível que aquilo não passe de um monte de números indecifráveis. O tuning, até então uma firula estética da série Need, permite mudar a pressão independente de cada pneu, um bocado de detalhes no alinhamento da direção, o funcionamento de molas e amortecedores e até quanto de ar entra no resfriamento do radiador. Acredite, é coisa pra dedéu.
Enquanto a maioria dos seres humanos normais não têm a menor ideia de pra quê servem essas mudanças, os aficionados por simulação têm à mão uma poderosa ferramenta para garantir vitórias nas provas avançadas.

Progressão

Mesmo com dois caminhos a seguir na forma de pilotar, o sistema de progressão é o mesmo para ambos. Cada prova possui um certo número de estrelas, e essas se dividem entre as que são ganhas pelo pódio e outras que são liberadas quando se cumprem objetivos predeterminados. Aí começa a ficar interessante a brincadeira. Mesmo que você seja um lorde nas pistas, em algum momento deverá agir como um energúmeno sem amor à vida, uma vez que tais objetivos são os mais variados possíveis. Ora é necessário completar um volta limpa, sem nenhum arranhão, ora é preciso bater nos adversários para forçá-los rodar. Até mesmo a linha que mostra o melhor traçado não ficou de fora: há estrelas para quem se mantém na rota correta por 75% da corrida, assim como para quem consegue executar corretamente todas as curvas dos circuitos – é mais difícil do que parece, acredite. Ou seja, o mecanismo foi bolado de forma a exigir dos dois tipos de pilotos, os honestos e os descompromissados, que ajam forçosamente de ambas as maneiras.

Na medida que conquista as medalhas, novos torneios são abertos e, evidentemente, a dificuldade cresce exponencialmente. A um ponto que você vai lembrar a razão de Shift ser um simulador, não um arcade. Quando você avançar em cerca de metade da carreira, as provas passam a exigir um precisão angustiante, sem nunca, porém, se tornar enfadonha.
Ainda que haja similaridade com TOCA, também na diversidade de provas, Shift peca por não premiar o jogador com maior frequência. Há uma montanha de provas diferentes, incluindo marcação de tempo e drift, e a todo instante você está a bordo de um carro diferente. Isso é bacana, porém, seria melhor se sua garagem fosse preenchida mais rapidamente.
Análises - Need for Speed: Shift

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