Porque fazer um remake de Pokémon é como dar um passeio no parque...
Fazer o review de uma versão japonesa de Pokémon certamente não estava nos nossos planos, especialmente se é um remake de um jogo que apareceu pela primeira vez dez anos atrás no Game Boy, que nós cansamos de jogar e de zerar, e que hoje está acumulando poeira em algum lugar no meio da bagunça da redação.
Seria mais razoável esperar por uma versão em inglês, escrever uma micro análise, dar uma nota mediana e tocar o bonde. Isso porque quando a Nintendo diz “remake”, nós entendemos como “grana fácil”.
Mas… Pokémon é sempre imprevisível em sua previsibilidade. Há multidões comprando o cartucho no Japão como se esta fosse a primeira vez que eles veem a série. Cada vez que as prateleiras vazias de Akihabara, bairro de Tóquio conhecido pelos maníacos por jogos e eletrônicos, são reabastecidas com Heart Gold/Soul Silver, elas são atacadas por uma turba de crianças e pais desesperados. E nós pensando que já eram coisa do passado, os dias em que uma simples imagem de um Pikachu, estampada em uma capa, era o suficiente para a Nintendo colocar mais três zeros no salário de seus funcionários.
“Talvez este jogo não seja apenas um remake”, dissemos. E então resolvemos dar um “alô” desinteressado para nossos amigos na importação e recebemos uma cópia de Soul Silver em troca, junto com o brinquedinho que, certamente, tem uma enorme parcela de culpa pelo sucesso do jogo.
Você se lembra dos Pockets Pikachus, lançados pela Nintendo há mais de uma década? Claro que não, quem lembraria? Esse tipo de coisa bacana para irritar nossos pais nunca chega por aqui quando deve, não é? Pois então, eles eram bichinhos virtuais barulhentos que também tinham um podômetro embutido. Quanto mais você andava, mais watts de energia tinha para alimentar seu Pikachu e gastar em caça-niqueis ou no carteado.
A segunda versão do brinquedinho também se conectava com o Gold/ Silver originais e deixava que o jogador trocasse watts por presentes misteriosos no jogo. O Pokéwalker é a versão 2.0 da geringonça, completamente eletrônica e sem o tilintar da bolinha de metal que servia de sensor de movimento no Pocket Pikachu.
Ele é pequeno e discreto o bastante para ser carregado sem despertar suspeitas (a não ser que você queira prendê-lo no cinto, ou na fivela da mochila, e proclamar a sua paixão por Pokémon para o mundo inteiro), tem uma tela bem pequena em preto e branco e também se conecta com o jogo via infra-vermelho. Mas como o DS não tem um transmissor próprio, há uma entrada praticamente invisível sobre o cartucho para fazer a conexão. É só colocar o Pokéwalker sobre o DS, segurar o botão por algum tempo e a mágica está feita.
Aonde você for
Qualquer um dos seus monstrinhos pode ser carregado na aparelho e, depois que estiverem lá dentro, eles se ausentam do jogo até que você ressincronize o Walker com o DS. Além de converter os seus passos em watts, que podem ser gastos em minigames, o monstrinho que você levar para passear vai ganhar um pequeno extra de exp. Muito útil para aqueles pokémons de baixo nível, mas não faz diferença nenhuma para os que já estão com level 20 ou mais. Só não se esqueça de ressincronizar o Pokéwalker com o DS antes de desligar, ou você não receberá todo os pontos de experiência extra.
Outro benefício de manter um de seus pokémons com você o tempo todo é que quanto mais você anda, mais ele se afeiçoa ao treinador, isso traz algumas vantagens e pode afetar o desempenho dele durante as batalhas ou o tempo que ele leva para evoluir.
Com os watts, você também pode destravar áreas de minigames, com itens e pokémons selvagens. Ao entrar em uma batalha dentro do Pokéwalker, só é possível atacar ou desviar do ataque, o que não exatamente a mesma coisa dos combates do restante do jogo, apesar de que também possível capturar monstrinhos nesse modo.
E o que acontece se a bateria do Pokéwalker acabarem justamente quando você está com o seu melhor lutador lá dentro? Bem… é feio dizer isso, mas nós não tivemos coragem de deixar nossos melhores lá dentro para ver. Tente entender, foram horas e horas de treinamento e não podíamos correr o risco de perder Astolfo, o Cyndaquil. Não tivemos peito para isso, admitimos. Mas imaginamos que a Nintendo não criaria um negócio desses sem incluir uma memória flash no Walker. Provavelmente, não faria isso… talvez… quem sabe. Nos avise se você tiver a coragem de puxar a tomada.
Caminho das pedras
Mesmo assim, no que depender destes humildes redatores o Pokéwalker está mais do que aprovados. De longe, esse é o melhor motivo para comprar o jogo, especialmente para aqueles que já jogaram mais Gold/Silver do que é um médico consideraria saudável. O Pocket Pikachu era legal, mas já ouvimos relatos de pessoas que foram barradas pela segurança do aeroporto por causa da bolinha de metal no aparelho; pois é claro que terroristas que se prezam carregam bombas embutidas em videogames amarelos adornado com ratinhos. Só que isso não vai ser problema agora. A única coisa que pode acontecer é esquecermos o Pokéwalker em algum bolso e colocarmos a roupa para lavar, ou seixar o aparelhinho cair dentro do mictório. Pode acontecer com qualquer um, ué! Não precisa olhar com essa cara.
Mas… e o resto do jogo? Continua sendo Pokémon Silver, ou Gold, dependendo da sua escolha. Voltar a jogar esses games é como calçar um tênis bem velho, daqueles que já estão com a forma do seu pé. A única diferença é que os pisantes foram roubados pela sua mãe, lavados depois de vários anos sem água e sabão e agora ficaram mais coloridos. Depois receberam uma polida, se é que se pode fazer isso com um tênis. Péssima analogia, mas a idéia é essa mesmo. E nós gostamos do resultado.
Fronteira final
Os gráficos melhorados são a parte mais óbvia da mudança. Todas as áreas foram refeitas completamente em uma engine 3D que permite aproximar e afastar a câmera para tirar fotos. Às vezes, há uma parte nova do mapa para se visitar. Alguns desses cenários secretos estão muito bem escondidos e exigem que você tenha um pokémon específico no time para encontrá-los. A Battle Frontier, que foi introduzida na série em Pokémon Platinum, está de volta juntamente com algumas cavernas que não existiam nas versões de Game Boy.
A Safari Zone, um dos melhores lugares para capturar pokémon raros, também passou por uma reforma. Ao invés de comprar um ingresso e vagar pelo parque durante um tempo predeterminado, você pode deixar iscas para atrair certos tipos de monstrinhos. Qualquer objeto serve, Árvores, flores, bancos, postes de luz… use a imaginação, mas nem tanto.
Para terminar, uma pergunta: você ainda acredita que este é o mesmo Gold/Silver de tantos anos atrás? Nós fomos convencidos do contrário. Porque, quanto mais jogamos, menos ele se parece com um remake. Talvez sem o Pokéwalker, acabássemos gastando nosso tempo com Platinum mesmo, que é consideravelmente mais extenso. Mas o Walker existe e não queremos mudar isso.
Continuamos esperando por um Pokémon 100% inédito, mas, por enquanto, visitar Kanto e Johto mais uma vez não parece ser má ideia.
Nota: 8,4
Fazer o review de uma versão japonesa de Pokémon certamente não estava nos nossos planos, especialmente se é um remake de um jogo que apareceu pela primeira vez dez anos atrás no Game Boy, que nós cansamos de jogar e de zerar, e que hoje está acumulando poeira em algum lugar no meio da bagunça da redação.
Seria mais razoável esperar por uma versão em inglês, escrever uma micro análise, dar uma nota mediana e tocar o bonde. Isso porque quando a Nintendo diz “remake”, nós entendemos como “grana fácil”.
Mas… Pokémon é sempre imprevisível em sua previsibilidade. Há multidões comprando o cartucho no Japão como se esta fosse a primeira vez que eles veem a série. Cada vez que as prateleiras vazias de Akihabara, bairro de Tóquio conhecido pelos maníacos por jogos e eletrônicos, são reabastecidas com Heart Gold/Soul Silver, elas são atacadas por uma turba de crianças e pais desesperados. E nós pensando que já eram coisa do passado, os dias em que uma simples imagem de um Pikachu, estampada em uma capa, era o suficiente para a Nintendo colocar mais três zeros no salário de seus funcionários.
“Talvez este jogo não seja apenas um remake”, dissemos. E então resolvemos dar um “alô” desinteressado para nossos amigos na importação e recebemos uma cópia de Soul Silver em troca, junto com o brinquedinho que, certamente, tem uma enorme parcela de culpa pelo sucesso do jogo.
Você se lembra dos Pockets Pikachus, lançados pela Nintendo há mais de uma década? Claro que não, quem lembraria? Esse tipo de coisa bacana para irritar nossos pais nunca chega por aqui quando deve, não é? Pois então, eles eram bichinhos virtuais barulhentos que também tinham um podômetro embutido. Quanto mais você andava, mais watts de energia tinha para alimentar seu Pikachu e gastar em caça-niqueis ou no carteado.
A segunda versão do brinquedinho também se conectava com o Gold/ Silver originais e deixava que o jogador trocasse watts por presentes misteriosos no jogo. O Pokéwalker é a versão 2.0 da geringonça, completamente eletrônica e sem o tilintar da bolinha de metal que servia de sensor de movimento no Pocket Pikachu.
Ele é pequeno e discreto o bastante para ser carregado sem despertar suspeitas (a não ser que você queira prendê-lo no cinto, ou na fivela da mochila, e proclamar a sua paixão por Pokémon para o mundo inteiro), tem uma tela bem pequena em preto e branco e também se conecta com o jogo via infra-vermelho. Mas como o DS não tem um transmissor próprio, há uma entrada praticamente invisível sobre o cartucho para fazer a conexão. É só colocar o Pokéwalker sobre o DS, segurar o botão por algum tempo e a mágica está feita.
Aonde você for
Qualquer um dos seus monstrinhos pode ser carregado na aparelho e, depois que estiverem lá dentro, eles se ausentam do jogo até que você ressincronize o Walker com o DS. Além de converter os seus passos em watts, que podem ser gastos em minigames, o monstrinho que você levar para passear vai ganhar um pequeno extra de exp. Muito útil para aqueles pokémons de baixo nível, mas não faz diferença nenhuma para os que já estão com level 20 ou mais. Só não se esqueça de ressincronizar o Pokéwalker com o DS antes de desligar, ou você não receberá todo os pontos de experiência extra.
Outro benefício de manter um de seus pokémons com você o tempo todo é que quanto mais você anda, mais ele se afeiçoa ao treinador, isso traz algumas vantagens e pode afetar o desempenho dele durante as batalhas ou o tempo que ele leva para evoluir.
Com os watts, você também pode destravar áreas de minigames, com itens e pokémons selvagens. Ao entrar em uma batalha dentro do Pokéwalker, só é possível atacar ou desviar do ataque, o que não exatamente a mesma coisa dos combates do restante do jogo, apesar de que também possível capturar monstrinhos nesse modo.
E o que acontece se a bateria do Pokéwalker acabarem justamente quando você está com o seu melhor lutador lá dentro? Bem… é feio dizer isso, mas nós não tivemos coragem de deixar nossos melhores lá dentro para ver. Tente entender, foram horas e horas de treinamento e não podíamos correr o risco de perder Astolfo, o Cyndaquil. Não tivemos peito para isso, admitimos. Mas imaginamos que a Nintendo não criaria um negócio desses sem incluir uma memória flash no Walker. Provavelmente, não faria isso… talvez… quem sabe. Nos avise se você tiver a coragem de puxar a tomada.
Caminho das pedras
Mesmo assim, no que depender destes humildes redatores o Pokéwalker está mais do que aprovados. De longe, esse é o melhor motivo para comprar o jogo, especialmente para aqueles que já jogaram mais Gold/Silver do que é um médico consideraria saudável. O Pocket Pikachu era legal, mas já ouvimos relatos de pessoas que foram barradas pela segurança do aeroporto por causa da bolinha de metal no aparelho; pois é claro que terroristas que se prezam carregam bombas embutidas em videogames amarelos adornado com ratinhos. Só que isso não vai ser problema agora. A única coisa que pode acontecer é esquecermos o Pokéwalker em algum bolso e colocarmos a roupa para lavar, ou seixar o aparelhinho cair dentro do mictório. Pode acontecer com qualquer um, ué! Não precisa olhar com essa cara.
Mas… e o resto do jogo? Continua sendo Pokémon Silver, ou Gold, dependendo da sua escolha. Voltar a jogar esses games é como calçar um tênis bem velho, daqueles que já estão com a forma do seu pé. A única diferença é que os pisantes foram roubados pela sua mãe, lavados depois de vários anos sem água e sabão e agora ficaram mais coloridos. Depois receberam uma polida, se é que se pode fazer isso com um tênis. Péssima analogia, mas a idéia é essa mesmo. E nós gostamos do resultado.
Fronteira final
Os gráficos melhorados são a parte mais óbvia da mudança. Todas as áreas foram refeitas completamente em uma engine 3D que permite aproximar e afastar a câmera para tirar fotos. Às vezes, há uma parte nova do mapa para se visitar. Alguns desses cenários secretos estão muito bem escondidos e exigem que você tenha um pokémon específico no time para encontrá-los. A Battle Frontier, que foi introduzida na série em Pokémon Platinum, está de volta juntamente com algumas cavernas que não existiam nas versões de Game Boy.
A Safari Zone, um dos melhores lugares para capturar pokémon raros, também passou por uma reforma. Ao invés de comprar um ingresso e vagar pelo parque durante um tempo predeterminado, você pode deixar iscas para atrair certos tipos de monstrinhos. Qualquer objeto serve, Árvores, flores, bancos, postes de luz… use a imaginação, mas nem tanto.
Para terminar, uma pergunta: você ainda acredita que este é o mesmo Gold/Silver de tantos anos atrás? Nós fomos convencidos do contrário. Porque, quanto mais jogamos, menos ele se parece com um remake. Talvez sem o Pokéwalker, acabássemos gastando nosso tempo com Platinum mesmo, que é consideravelmente mais extenso. Mas o Walker existe e não queremos mudar isso.
Continuamos esperando por um Pokémon 100% inédito, mas, por enquanto, visitar Kanto e Johto mais uma vez não parece ser má ideia.
Nota: 8,4
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